30 de abril de 2013

itsasora

(foto: carlos silva)

***

ITSASORA

Mundutik gaixotasuna besterik ez daroazu,
itsasoaren pisua begietan,
eta orain aspaldi harrapatu zenuen
uretako maskor haren eitea esku ahurrean.

Joan ziren arrantza egunak,
galdu ziren sareak eta lagunak,
lehorrean sikatu zitzaizun azala.

Eta hil zorian zeundela
itsasora eramateko eskatu zenidan,
jaiotzen ikusi zintuen kalearen izena zeukan
egurrezko zure bafore txikian.

Hainbeste urdin, zertarako?

Karelari eusteari utzi zenion
eta bakarrik egin nuen arraun
etxera bidean.

***

leire bilbao

*



Ao mar



Do mundo apenas levas a enfermidade,
o peso do mar nos olhos
e nas palmas das mãos
a forma daquele búzio
que um dia apanhaste.

já passaram os dias de pesca
já se perderam as redes e os amigos
e faz tempo que secou tua pele.

E no final dos teus dias
me pediste que te levasse ao mar
na barca de madeira
batizada com o nome da rua que te viu nascer

Para quê todo este azul?

Deixaste de te agarrar à borda.

Remei só
para casa

*

[versão em português a partir da versão em castelhano da autora: cas]

16 de abril de 2013

tempo de amor em cárcere de espera

(foto: carlos silva)

***

tempo de amor em cárcere de espera

Por mim não soprarão, ainda, as trombetas,
não será a torre viva mais que sonho,
não vão descer as linhas da memória,
mas no eco da saudade deixam donos
pegada longa de sangue e de metal.

Quero ter força de água,
som de vento,
sentir flor,
ternura de micélio
e livre falar de língua livre
por destrançar o fio que atou lume,
sem saber que o amor deita silêncio
nesta íntima união de pedra e tempo.

*

iolanda aldrei

7 de abril de 2013

La panela

(foto: carlos silva)

***

Sinto-te l negro a arrebentar pula redundeç de fierro, quelor de l tiempo que te fui fazendo costra dun fruito que nunca tubo arble para assentar l pencino ou primabera para frol cheirosa.
De ti bi renacer la bida a cada die, siempre ua renobada fuorça criadora, malzina purmeira que ponie las risas a botá-le fuogo als uolhos i a colgar ls oulores de sou cielo.
Nunca quejiste ser probeta de cientista, caldeiron de druida, segredo de alquimista, puis stabas para alhá de todos eilhes, gulosos de tue ambrosie que ls humanos mantenie.
Ambentemos l fuogo i nunca el quedou cumpleto antes que podira beisar la prenheç de tue barriga, todo an nós demudando na caminhada de quemedores de yerbas, chichas i mundos.
Hoije anferrujas nua squina, agoniados muitos cun tue negrura, squecidos todos que, ne l templo de l tiempo houmano, ye tou por dreito un de ls altares percipales.

fracisco niebro